Passou-se mais um Dia Mundial da Alfabetização.
Mais uma vez vêm ao de cima os números. Serão sim, mais de 19 mil os analfabetos na RAM em 2008, a esmagadora maioria (mais de 14 mil) com mais de 60 anos. Um número elevado que tem origem há dezenas de anos atrás, como consequência das políticas educativas seguidas no período pré-autonómico.
A verdade é que, há trinta anos, a rede escolar herdada da ditadura (ou a falta dela), produzia indivíduos analfabetos, originados em taxas de abandono altíssimas. Assim, a primeira prioridade determinada nos anos que se seguiram à implementação da Autonomia foi corrigir o processo na sua base. Uma decisão correcta. E com resultados muito positivos, pois o abandono escolar (antes de concluída a escolaridade obrigatória, actualmente, tende para zero). Sem prejuízo da alfabetização de adultos que sempre existiu e foi oferecida. Mas, a verdade é que a alfabetização de adultos é um assunto muito pessoal, não sendo possível "arrrastar" ninguém para uma alfabetização (infelizmente) indesejada. É o factor de "pescadinha de rabo na boca" que faz desvalorizar o valor da educação/formação, justamente no grupo que mais precisa dela.
A realidade é que as taxas de alfabetização na RAM têm vindo a se aproximar das taxas nacionais face ao atraso inicial - significativo - marcado, em 1981, por 26,6% (53.964 analfabetos) na RAM, contra 19%, que era, à altura, a média nacional.
A taxa estimada, actual, de analfabetismo no grupo com menos de 40 anos é 2,3% (cerca de 2.474 indivíduos numa população de 109.738), pelo que praticamente nula, atendendo à margem populacional não alfabetizavel por motivos vários (como por exemplo, alguma deficiência incapacitante).
A verdade é que este indicador já não é relevante na Madeira. Será sim, o analfabetismo funcional que continua a ser combatido. Anotem-se os números referidos recentemente pelo INE, referentes a 2006/2007, onde o ensino recorrente de 1º Ciclo, no todo Nacional existe, praticamente, apenas na Madeira, com cerca de 550 alunos frequentadores (acrescidos de 47 nos Açores). Ou seja, o esforço existe e é perceptível no terreno, com oferta dispersa por toda a Região.
O trabalho continua.