No passado dia 22 de abril, o Baú de Leitura da Escola Básica Secundária Dr. Luís Maurílio da Silva Dantas promoveu, no espaço envolvente da biblioteca, um encontro com a jornalista e escritora Marta Caires, correspondente do jornal Expresso, na Madeira, e autora da crónica de memórias do quotidiano madeirense que, desde 2005, sai na revista Mais, e que acompanha a edição dominical do Diário de Notícias.
Esta iniciativa ocorreu no âmbito da comemoração do 41.º aniversário da Revolução do 25 de abril e nela participaram os alunos do 9.º 1 e do 12.º 1. Depois da leitura de uma pequena biografia da convidada e de um excerto da crónica que saiu na edição do Diário de Notícias do dia 19 de abril, Pizzas, o encontro continuou tendo como mote a Liberdade, direito caro ao ser humano e sem o qual não é possível viver e concretizar, em pleno, a dignidade humana.
A convidada começou por falar sobre a Liberdade em oposição à realidade que vigorou durante o Estado Novo, onde a falta dela tinha muitas, e dolorosas, implicações no quotidiano, na ação política e na elaboração e divulgação das notícias. Neste contexto, os presentes foram elucidados quanto a diferentes situações em que a vida dos portugueses estava comprometida pela ação repressiva do regime salazarista, fazendo notar que o 25 de abril de 1974 abriu caminho para um espaço onde se ganhou o direito de decidir e de discutir assuntos que antes eram censurados.
Com um dom nato para a comunicação e sempre com um discurso simples, jovial e desembaraçado, a jornalista desde logo cativou os presentes, promovendo-se um espaço de debate onde os alunos colocaram várias questões sobre um leque variado de assuntos desde a liberdade na profissão de jornalista, o aborto, a eutanásia, o recente ataque ao jornal francês Charlie Hebdo e os limites da liberdade de expressão. Questionada sobre o que a inspira na construção das suas crónicas, a jornalista mostrou, também aí, o seu espírito livre já que referiu que os temas ocorrem-lhe na liberdade dos gestos simples e banais do seu dia-a-dia que, de repente, a transportam para um tempo que já só existe na memória.
Terminado o encontro, alguns dos participantes procuraram esticar o tempo para ouvir e sentir, um pouco mais de perto, a convidada.
É este o efeito de quem vive as coisas por dentro.
Os dinamizadores do Baú de Leitura